Todas as tardes sentava-se na mesma mesa, pedia o mesmo cardápio: um café expresso sem açúcar e bolachas com gotas de chocolate e lá se iam horas sentado numa cadeira marfim olhando a garçonete. As vezes pedia que ela sentasse com ele e nada dissesse, a presença dela já completava o vazio daquele homem. Pouco sabia sobre ele, seu nome, Wesley, trabalhava numa empresa de desenvolvimento de software, um típico homem cansado da mesmice que a vida urbana poderia lhe oferecer. Sempre pensara que ganhar dinheiro fosse o que queria da vida, mas não era, em seus anos de experiência já lhe surgira escassos fios grisalhos no cabelo de tamanho médio que cultivava desde a sua época adolescente a qual gostava de sentar-se em frente do computador e conversar com desconhecidos.Perdera o entusiasmo de vida mas nunca o olhar inquieto que era sua marca, aquilo era um sinal de que ainda havia esperança dentro daquela existência.
Naquela tarde de sexta ele estava diferente, não sabiam o que, mas ele se encontrava num estado de espírito diferente do que os funcionários daquele Café que conviviam com ele há dois anos já haviam vivenciado. A garçonete estava em pé atrás do balcão servindo café a um velho, Wesley então, passou por trás do balcão, puxou-a até o meio do Café, pegou-lhe as mãos gélidas da moça e disse que havia deixado o trabalho e que havia conseguido um negócio melhor no exterior e queria leva-la com ele. A moça então deixou-lhe cair uma lágrima escorria pelo rosto, soltou um pequeno suspiro abafado dentro daquele peito amargurado e a abraçou-o. Acho que aquele era o "Sim! Eu vou com você!" que ele tanto esperava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário