sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Justiça

Num bar de beira de estrada a pelo menos 400 km da capital de Ohio estava àquela mulher de olhos meigos, sentada em frente ao balcão tomando um refrigerante. Pela porta naquele instante entrou o padre Spawn, conhecidíssimo nas cidades vizinhas pelos seus atos caridosos e pelos ensinamentos quanto ao perdão. Sentou-se ao lado da mulher e pediu que a garçonete lhe desse um café forte com creme, olhou para os lados cumprimentou a todos e olhou para a TV, depois para o relógio que marcava 11:00h da noite, então voltou o olhar cansado para a TV .
Passava uma reportagem sobre a morte de um empresário de renome em Ohio, dono de grandes negócios e de uma fama no meio mulheril que até piadas fizeram sobre seu enterro, disseram que as mulheres iriam nuas para o enterro e colocariam suas calcinhas no caixão. Todos no bar riram menos a mulher e o padre.
-As autoridades não sabem ainda o motivo da morte do Sr. Dumbleor, tudo indica um provável suicídio, mas a pergunta que não vai sair da mente de todos: Por que um homem tão jovem, tão rico e popular iria se matar?
-Não se vive apenas do ócio, do fácil e do fútil, não concorda Padre Spawn? – disse a mulher interrompendo a concentração do Padre.
-Claro minha filha, claro! – disse ele sem jeito, olhou para os lados não havia ninguém a não ser a garçonete que falava com um policial, certamente tinham um flerte. O Padre suava frio e esfregava as mãos como se estivesse muito nervoso.
- Padre, posso te contar uma coisa? Uma confissão?
-Não seria melhor ir a igreja minha filha?
- Não Padre, não sou adepta a igrejas e presumo que o senhor é a pessoa certa a me ouvir. Não há ninguém nos ouvindo, por favor!
- Oh, claro! Já que você precisa tanto se confessar, eu acho que todo lugar é habitação de Deus então não vejo problemas!
-Obrigada! É uma história que aconteceu há umas três horas: Eu estava sentada num restaurante tomando um bom vinho quando senta ao meu lado o dono do estabelecimento. Quando olhei para ele não tive dúvidas que seria este tal Sr. Dumbleor, Davi Dumbleor. Ele pegou em minhas mãos, perguntou meu nome, eu respondi, ele disse ser um nome bonito e que estava a me observar a uns dias já, pois todos os dias eu fazia a mesma coisa. Eu estava a trabalho, e aproveitava as tardes para tomar um vinho até que o sono chegasse, ele então observou minha rotina e disse que tinha algo para tirar-me daquela monotonia, pois de onde já se viu uma moça bonita, sim Padre, foi assim que ele disse com a voz impetuosa e atraente “De onde já se viu uma moça bonita como você viver em total monotonia e sem alguém para acompanhá-la?” ele virou pro lado de uma daquelas risadas que sempre o vira dar em fotos de revistas econômicas e continuou “Não se fazem homens como antes, mas olha a sua sorte, nesta cidade sobra um ainda e você esta sentada com ele, e por coincidência este homem quer ser todo seu esta noite.”, ele sorriu novamente e eu sorri sem jeito, estava envergonhada, mas decidi sair com ele. Entrei no carro dele, e que carro em Padre? Miúda como sou quase sumi dentro dele, ele falava coisas tão lindas, me fazia sonhar e deixar a frieza do trabalho de lado e até pensar em casar – ela disse isso e seus olhos se encheram d’água – Bom, continuando! Ele então me levou até um hotel que era de propriedade dele, pediu ao gerente que lhe mandasse o melhor champanha e alguma coisa para beliscar. Entramos no quarto, ele disse que ia tomar um banho e que logo depois eu poderia tomar um banho também, me deu um beijo e foi ao banheiro. Alguns minutos depois ele saiu e eu entrei no banho, ele então resolveu fazer a barba no banheiro enquanto eu dentro do box me banhava.
Ele então começou a falar de mim, disse que pelo que havia já visto de mim poderia traçar meu perfil, eu então pedi que falasse talvez assim eu pudesse saber qual a idéia que eu passava. Ele então falou enquanto passava a navalha no rosto “Sabe, eu te vi e já pensei ser você uma mulher frágil, que tem medo de se relacionar porque seu maior medo mesmo é de sofrer, se machucar, por isso você se tranca no trabalho e nessa sua vida monótona para que nada e nem ninguém possa entrar na sua vida. Você pensa assim porque nunca teve um homem de verdade, que te fizesse feliz, que te amasse de verdade.” Eu então retruquei, perguntei a ele se por acaso ele seria aquele homem, ele respondeu entre meio ris. “Quem sabe? Você bem sabe que sou um homem de negócios e despendido, mas posso fazer mais de uma mulher sorrir, é só elas quererem.”  Perguntei a ele se eu podia dizer o que pensei dele, ele respondeu que sim, perguntei novamente e completei que ele poderia se arrepender porque sou muita sincera, ele disse que não se importava porque ele usava as críticas para melhorar. “Bom, quando eu te vi pensei o que todas pensam, mas ainda tentam se enganar pensando que não, pensei sim que você não é homem de uma mulher só e que seus flertes seriam por uma noite e nada mais.” “Quer saber garota? Você está certa! Você é bem esperta em? Mas mesmo sabendo quer continuar?” “Você não me conhece bem, e errou em algumas coisas que disse de mim. Não sou frágil, nem um pouco frágil. E você? Você é um péssimo manipulador, me surpreendo de ver que as mulheres caem em sua lábia tão maltrapilha, talvez queiram como eu me divertir um pouco as custas de desejos infames de ter nas mãos um homem poderoso, mas vejo muitos corações quebrados por onde passo, e vejo que as mulheres realmente acha que você as ama. ” .Ele então Padre virou-se para o box e começou a olhar eu falar e ensaboar meu corpo diante daquele vidro embaçado, de repente ele ficou tonto, voltou para o espelho e ficou contemplando a si mesmo, mesmo assim continuei. “Eu não sou manipulada, geralmente eu manipulo como fiz com você, enquanto você pensava que estava sobre mim, na verdade quem jogava as cartas era eu. Ninguém me manipula, o único idiota que tentou foi você, no mundo não existem tantos subestimadores assim, só uns poucos idiotas que restam. Bom, você deve estar se perguntando quem sou bem, eu não sei, ando por aí a fazer coisas inacreditáveis e eu não vou lhe contar também não. Pessoas como você machucam as outras, tanto por dentro quanto por fora, as fazem morrer e de algum modo devem pagar por isso, mas a justiça ainda não tem lei que julgue quem mata o coração das pessoas, quem mata o amor delas, então eu dentre muitas obrigações que tenho eu faço esta justiça. Na verdade, eu apenas digo a verdade, o resto as pessoas fazem por si.” Ele olhou no espelho Padre, pegou a navalha e começou a mutilar seu próprio rosto, depois o peito dele e o ultimato foi quando ele cortou sua própria garganta, eu então sai do box pulei sobre seu corpo ensangüentado que se contraia de dor naquele chão frio e molhado. Vesti-me, sai pela porta da frente, olhei para o gerente e fui cômica o bastante para dizer “Acabei com ele”, mas o gerente logo se matou também, é uma questão de tempo até achá-lo dentro do quarto dos fundos pendurado por uma corda. Por favor, Padre, não conte a ninguém, lembre-se que isto é uma confissão. E o senhor nesta sua mente doentia Padre, deve estar se perguntando o porquê de eu estar te contando isso, parece óbvio não? Eu sei das crianças as quais o senhor abusou, das quais matou e do quanto o senhor adora as confissões de quarta-feira porque é o dia das crianças e adolescente irem a igreja não é? Tenho nojo do senhor, queria matá-lo, mas o senhor mesmo vai fazer isso, não quero sujar minhas mãos com sangue de um pedófilo, Deus iria me castigar mesmo sendo o senhor um monstro. Sabe quantas mães vão a sua igreja e choram aos pés do Pai pedindo uma luz sobre onde estão os seus filhos? Muitas Padre, muitas. Só que elas não perceberam que todas às vezes o rosto do filho do Pai está virado para uma portinha que dá acesso ao porão onde estão escondidos os corpo deles. Que pecado em Padre, que pecado! Eu sei o porque de o senhor estar nervoso, você abusou de uma criança e ela fugiu não é? Há essa hora algum policial deve estar chegando aqui para prender-te. Mas o senhor não merece prisão, merece a morte. – ela então sorriu.
O Padre suando frio e tremendo, levantou-se do banco e foi até o policial lhe tomou a arma e atirou em sua própria boca. A mulher se levantou, foi até o seu carro e saiu pela estrada, alguns quilômetros depois parou em outro bar, pediu um café forte com creme e pediu que aumentassem o som da TV.
-Acabamos de receber informações de que o Padre da nossa cidade se matou, o motivo seria a descoberta de um quartinho na igreja onde ele escondia os corpos das crianças que ele abusava, por um milagre uma criança escapou e contou as autoridades que agora faz o reconhecimento dos corpos.  Os pais das vítimas choram muito, mas dizem que agora seus filhos podem ser enterrados com dignidade e que a justiça divina fora feita.
Novas informações também sobre o caso do suicídio do Sr Dumbleor, segundo as autoridades ele escreveu no chão do quarto com seu próprio sangue uma frase: Não se vive apenas do ócio, do fácil e do fútil, perdoem-me pelas dores que causei! As autoridades afirmam que esta frase foi escrita antes do corte na garganta que foi o que provocou a sua morte. Temos então a resposta para nossa pergunta!
A mulher se levantou dizendo as mesmas palavras que a repórter dizia na TV: Não se vive do ócio, do fácil, do fútil, do libido, se vive para o amor, do amor e com amor! 

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