sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Felicidade esta, que não era minha

Sentada na porta de casa em plena tardezinha de domingo, o sol já desejava esconder-se atrás da imensidão de montanhas. Ninguém na rua, apenas ela e eu escondido atrás do muro de minha casa, observando aquela garota estranha que morava ali mas que mal sabia o nome, uma brisa fria já cantarolava por entre as arvores e fazia com que seu cabelo balançasse. Olhava para o mundo tão parado naquele instante como se aquilo fosse a coisa mais linda do mundo, como se ela visse não como nós vemos, mas de modo diferente, não se sabia como explicar mas seus olhos tinham um brilho diferente. Sorria apenas de um lado do rosto o qual por coincidência era o único que havia aquelas covinhas na bochecha, não se sabia do que ria. Todos poderiam olhar para o mesmo local e não achariam graça, aquela felicidade era só dela e de mais ninguém.
Calça jeans desbotada e rasgada no joelho, tênis preto e camiseta da banda We are the Fallen, olhos levemente contornados de preto, cílios grandes e sobrancelhas alteadas, braços cruzados sobre as pernas dobradas sobre a escada da casa velha.
Olhou mais expressivamente ainda, como se algo se aproximasse dela, algo que eu não via, ela fechou os olhos de um jeito meigo como se alguém lhe afagasse o rosto. De repente virou-se como se escutasse algo muito perto dela, mas eu não escutei, fez uma cara de assustada, encurralada, com medo, hesitei em me levantar e ver o que estava acontecendo, balancei a cabeça confuso e voltei. E como se ela procurasse algo, o algo que estava ali, ela vasculhou com os olhos novamente por toda a rua vazia, fez uma cara de desapontamento, levantou-se, tirou a poeira do joelho, seguiu até a porta, pôs a mão na maçaneta e virou-se para o lugar onde eu estava:
- Sei que você esta aí Rodrigo e não, eu não estou louca, apenas com saudade!

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