sábado, 13 de novembro de 2010

Amar não é...

Era para ser um dia normal de fim de semana na pacata vida daquela garota, ia ao cinema ver os lançamentos de filmes de terror, seus favoritos. Na ultima gaveta do criado-mudo, uma foto entre meio os papéis, era ELE, aquele que fazia o coração dela disparar a cada vez que seu nome era dito, aquele que fazia ela se arrepiar a cada toque inocente a sua pele.
Pensou que ele poderia estar lá no cinema já que gostavam das mesmas coisas, arrumou-se como nunca, enfeitou-se com a maquilagem nova que havia ganhado de Natal, pôs a roupa nova que guardava para o dia em que ela iria fazer algo grandioso. E sim, era aquele dia em que ela lhe diria tudo, do quanto chorou, do quanto o amou, de quantas vezes morreria por ele e outras coisas do gênero de uma mulher perdidamente apaixonada.Pensou nas milhões de coisas que ele poderia dizer, ela queria que ele dissesse que ela era a razão da vida dele, e que sempre a amou, mas que esperava o momento certo para dizer isso, ele então diria que queria passar a vida com ela, ter filhos, construir uma casa arquitetada pelos dois, e que abandonaria tudo por ela, e traria toda a felicidade do mundo apenas por ela.
Saiu de casa confiante, seus olhos brilhavam como nunca, as pessoas observavam aquela garota passar por lá depois de muitas vezes vê-la triste, acanhada, agora estava radiante, transbordando alegria.
Há poucos metros da bilheteria, ela o viu. Seu coração disparou, suas mãos suaram e borboletas voavam na barriga dela, respirou fundo, recuperou o lindo sorriso no rosto e seguiu em frente.
Ela se aproximou dele, pensou que iria cair de tanto nervoso. Gaguejou:
-Oi!
-Olá, eu estava mesmo te procurando!
-Oh, sério? - disse ela meio que sorrindo.
-Sim, eu sei que você é minha amiga, mas queria dizer que estou apaixonado! - ele disse isso e ela esboçou o sorriso mais lindo já visto no rosto dela. - Mas eu não sei como dizer isso a ela, ele vem aqui hoje e precisava que você me desse umas dicas, quero dizer que gosto dela, mas não sei como!- o sorriso dela então foi se desfalecendo aos poucos e os olhos se encheram de lágrimas. -Por favor, ela é tudo que eu quero e ninguém mais me importa, me ajuda vai!- ela se virou de costas para ele a fim de que ele não notasse as lágrimas.
-Diga a ela que ela é a razão da sua vida, e que sempre a amou, mas esperava o momento certo para lhe dizer, diga que quer passar a vida toda com ela, ter filhos, e que vocês dois vão construir a casa juntos e que você abandonaria tudo por ela, e que traria toda a felicidade do mundo apenas por ela.
-Nossa, que lindo! Ela vai gostar?
-Não sei ela, mas eu amaria ouvir isso de você!- disse ela cochichando entre meio as lágrimas, e foi se indo, logo atrás a moça a qual ELE se apaixonou chegava e ele dizia tudo aquilo a ela.
Caminhou sem parar pela rua, e uma fina chuva começava a cair. As lágrimas do céu, lhe tiravam o salgado gosto das lágrimas de amor, ela ajoelhou-se no chão, olhou para o céu, deixou com que a chuva lhe tirasse todo amor, lhe tirasse todo ódio, lhe deixasse pura de tudo. O sol então, apareceu entre nuvens, fazendo com que lhe queimasse a raiva novamente dentro dela, o desespero, a desilusão. As nuvens então cobriram o céu novamente e a chuva voltou a cair sobre ela, lhe fazendo bem, lhe tirando tudo o que havia de lhe machucar, deixando adentrar nela o perdão e a sabedoria que a chuva lhe ensinara, que :
Amar não é querer a pessoa amada ao seu lado,
 mas querer que ela seja feliz,
 mesmo que a felicidade dela não se encontre dentro de você!

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