Personagens: Moça, Conquistador, Velhinha, Menino, Ladra e Velhinho
De cada vez um personagem entra como se fossem entrando a cada andar que o elevador passasse, estabelecendo esta ordem: Conquistador, Velhinha, Velho, Moça, Menino e depois o ladrão que entra correndo com uma mochila cheia de coisas roubadas. Quando ele entra, todos com cara de assustados dizem: “Nossa!”. Enquanto isto o Conquistador olha para a bunda na moça e diz um “Nossa!” totalmente diferente admirando a bunda da moça. O Menino olha para a Ladra:
Menino: Minha mãe disse que é errado ser ladrão!
Ladra: Meu parceiro diz que é errado ter um menino, diz aí filhão!
Nas costas da Ladra o bebê dela se encontra amarrado a ela, o bebê no caso boneco, tem gorro de Corinthiano, tatuagem no braço, barba e na mão tem uma faquinha.
Menino: Você traz seu filho quando faz um assalto?
Ladra: Claro, educação se dá com exemplo, acabei de ensiná-lo como é que zoa com as madames, menino esperto! Quem é o matador da mamãe? Quem é? É Maike Jacks, que lindo!
-Ah ta então!
O menino olha com uma cara de assustado com a situação. Agora a velhinha olha para a moça, põe a mão no peito.
Velhinha: Lembro-me quando tinha o seu corpo, eu era uma das vedetes mais lindas do teatro municipal. Era purpurinas, penas, jóias, maiôs justíssimos e ...
A velha então começa a cantar e dançar “Sei que eu sou bonita e gostosa, sei que você me ama e me quer” ela então ri escandalosamente e começa a tossir desesperada por ar, pega uma bombinha de ar e aspira, toma fôlego de modo desesperado. Dá um sinal para a moça esperar, e só então recomeça a falar.
Velhinha: Mas com o passar dos anos tudo desmoronou. Tudo caiu.
A velha choraminga.
Moça: O teatro caiu?
Velhinha: Não. As coisas começaram a cair literalmente, primeiro foi o seio esquerdo, depois o direito. Já a bunda, meu Deus! Essa caiu de uma só vez, foi plaft no joelho!
O Conquistador observa a cena com nojo.
Moça: Deve que foi muito difícil não é?
Velhinha: Que nada! Foi só passar dos 40 e tudo murchou como um balão furado. Foi só um Fuimmmmmmm e depois pziiiiiiii. Mas por um lado eu aproveitei minha vida ao máximo, seduzi senadores, governadores, presidentes, sapateiros, pagodeiros, cheiradores de lança-perfume, assassinos de aluguel, feirantes da 25 de março, motoristas de caminhão, sobreviventes de guerra.
Conquistador: Sansão, Judas, Abraão, Mun há...
Ele então começa a rir, a moça olha para ele com cara de desaprovação.
Conquistador: O que foi? Não entendeu a piadinha? Mun há? Múmia? Velhinha? Em?
Alguém então bate na porta do lado de fora e faz-se um estrondo simulando que o elevador tenha caído, e então é jogado um pó sobre eles. Logo o Velho se levanta e dispara a correr de um lado para outro, se debatendo contra as paredes tentando sair.
Velho: São os russos, são os russos, fujam para as colinas!
A velha então bate na cara do velho.
Velhinha: Se aquiete homem, firme, firme!
Mocinha: Estão todos bem?Alguém sabe o que houve?
Ladra: Acho que o elevador não suportou o peso.
Moça: Não pode ser sempre descemos neste elevador com treze, quinze pessoas e nunca houve nada de grave aqui e logo agora que somos apenas seis.
Ladra: Mas nunca ninguém desceu depois de eu ter cortado os cabos!
A Ladra olha todos com uma cara lerda e eles respondem apenas com cara de tédio, o Menino se levanta todo cheio de pó e Moça tira-lhe o excesso de pó com uma broxa de pedreiro que estava na bolsa dela. O Conquistador se levanta, espreguiça-se, tira o pó do corpo, solta um suspiro que deixaria qualquer um desconfiado de sua masculinidade e então solta um grito ensurdecedor apontando para as mãos da moça.
Conquistador-Gay: Ahhhhh, tampe isto, tire isso da minha frente! Ai, dói, meus olhos ... ahhhhhhhhhhhhhhhh!
Moça: O que foi?
Conquistador: Sua unha.
Moça: O que tem sua unha?
Conquistador: Está quebrada!
Então todos exclamam “Ohhhh!”, mas depois balançam a cabeça e exclamam estarem confusos “Ahn?”. A Moça então dá um tapa na cara do Conquistador-Gay.
Moça: Se aquiete homem! Firme, firme!
Conquistador: Você está louca? Sabe quantos pilings terei de fazer para tirar está marca? Sabe? Sua horrorosa!
Moça: Você está louca? Sabe quantos pilings terei de fazer para tirar está marca? Sabe?(repete de modo irônico fazendo gracejos)Oh, Oh!
A moça mostra a mão ameaçando-lhe.
Menino: Hei gente! Vocês não percebem que estamos presos em um elevador e que com certeza alguém pode estar lá fora nos procurando? Será que sou o único adulto daqui?
Todos olham para ele com cara de tédio.
Moça: Então é melhor pedirmos socorro civilizadamente, por favor!
Ela então começa a berrar como uma louca e os outros também, até que ouvem um grito de resposta.
Voz um: Tem alguém aí embaixo?
O eco responde: baixo, baixo, baixo...
Velhinha: Tem.
O eco responde: tem, tem, tem...
Voz um: Vocês estão presos?
Velhinha: Sim.
Voz um: Onde?
Velhinha: No elevador.
Voz um: Que elevador?
Velhinha: O que está aqui embaixo.
Voz um: Ah sim, é mesmo! Bem que percebi que não tinha elevador aqui em cima!
A voz some. O Conquistador empurra a Velhinha.
Conquistador: Deixa eu brincar de eco também. Ai deixa eu ver. Sorvete de pistache.
O eco responde: tache, tache, tache... Ele então continua.
Conquistador: Sabão de coco, salada mista, passei um sufoco escorreguei na pista, gosto do Arnaldo gosto do João, gosto de todos, é muito...
A moça tapa-lhe a boca antes que saia a ultima besteira.
Moça: Hei moço cadê você?
Voz dois: Oi tem alguém aí?
A voz é nordestina.
Moça: Sim, moço é você?
Voz dois: Que moço o quê bichinha eu sou cabra da peste!
Moça: Ah ta então!
Voz dois: Mas chegue aqui bichinha, que é que você ta fazendo aí embaixo?
Moça: Estou presa no elevador.
Voz dois: Tem muita terra aí?
Moça: Nãoooooooooooo, que isso, tem é água.
Voz dois: Quer então que eu chame a guarda-costeira ou a marinha?
Conquistador-Gay empurra a moça.
Conquistador-Gay: A marinha, lá tem cada bofe escândalo!
A moça o empurra.
Moça: Nãooo, chame os bombeiros para nos tirar daqui, por favor!
Novamente o Conquistador a empurra.
Conquistador: Pode ser também, só bombeiro para dar conta do recado! Meu Deusss!
Voz dois: Mas sabe o que é bichim? É que eu to numa moleza, numa bambura, numa canseira que da dó no ser.
Moça: Por favor, é questão de vida ou morte!
Voz dois: Ah, então tudo bem. Vou chamá-los!
Conquistador: Ta, e quando você voltar estarei te esperando!
Moça: O que aconteceu com você?
Conquistador: Ué, nada, eu só estou querendo curtir.
Momento de silêncio.
Voz dois: Moça!
Moça: Oi.
Voz dois: Eu liguei para os bombeiros.
Moça: E aí, o que eles disseram?
Vos dois: Disseram que só vão poder atender daqui a duas horas.
Moça: Por quê?
Voz dois: Ah, disseram que estão fzendo churrasco na laje do corpo de bombeiros, ta rolando maior pagode lá e se deixarem a carne lá, La se vão R$ 150,00 do dinheiro público jogado fora.
Moça: Ah sim, compreendemos.
Menino vai se achegando e observa com certo interesse a cabine.
Menino: Se bem entendo, estamos num elevador 4X3 feito de uma liga muito forte de aço inoxidável com nox igual a 12, levando em conta a humidade relativa do ar de 20 % e sua densidade, a gravidade do ar de 9,8, o calculo da soma da tangente, o seno e o coseno do triangulo eqüilátero nasal deste deliquente ali do meu lado e a temperatura geotérmica deste subsolo de 40°. Presumo que ainda temos 1 hora de oxigênio.
Moça: E o que você acha que podemos fazer?
Menino: Sugiro que matemo-nos uns aos outros até que reste apenas a metade, assim teremos duas horas de oxigênio. Começando por este marginal e sua cria, pois o nariz dele é desproporcional a quantidade de ar que provemos.
Ladra: Não, não, eu sou filho de Deus e mereço viver!
Velho: Acho que já vivi demais, sobrevivi a golpes de estado, guerras, ditaduras, dilúvio, oh não, esse não foi eu. Mas voltando aqui, acho que já está na hora de morrer e enfim encontrar-me com meu amor Dercy!
Conquistador-Gay: Concordo plenamente e assino embaixo.
Moça: Você não tem coração não?
Conquistador: Tenho, mas bem que poderia ter dois peitões bem grandões e empinadinhos assim!
Ladra: Eu tenho cordas!
Menino: Agora é só um lugar para pendurar e um banquinho! E thiarammm! Vai ser um enforcamento daqueles!
Moça: Esperem aí! Vamos ser racionais, não é provocando morte que vamos sair vivos daqui! Temos outra escolha, eu sei que temos!
Menino: Por acaso alguém faz fotossíntese?
Moça: Nãoo!
Menino: Então não temos outra escolha!
Diz ele feliz já com a corda na mão fazendo gracejos. Uma voz então surge, desta vez os bombeiros.
Bombeiro: Tem alguém ai?
Moça: Sim.
Bombeiro: Quem está aí com você?
Moça: Bom, tem uma ex-vedete, um sobrevivente da Guerra Fria, o neto do Jack estripador, um ex-homem, uma ladra e o protótipo de delinqüente dela.
Bombeiro: Cá entre nós mocinha, tem certeza que quer realmente que eu tire todos daí?
Ela olhou para os lados e a Ladra ameaçou-a.
Moça: Ué, já que não tem outro jeito não é!
Bombeiro: Então eu vou jogar o kit de primeiros socorros.
Moça: Pode mandar.
Por um buraco no teto, caem terços e mais terços, crucifixos e imagens sacras. A velha já se punha a rezar.
Moça: Para que isso?
Bombeiro: Esses são os primeiros socorros, depois se isso não ajudar a gente salva vocês.
Moça: Espera aí. A gente está aqui a muito temo, tire a gente daqui, por favor!
Bombeiro: E carne? Ah deixa pra lá, já começou a chover mesmo! Vamos descer aí e puxaremos vocês. Ok?
Moça: Ok!
Comemoram todos.
Fecha-se a cortina.
Abrem-se segundos depois simulando que já haviam saídos todos de lá. O Conquistador sai fazendo gracejos para os bombeiros e o Velho sai gritando “São os russos! Eles voltaram! Fujam para as colinas!” e dá com a frigideira na cabeça do Conquistador que então volta a ser homem e começa a dar de cima das meninas que neste momento passam na frente do palco para simular os curiosos. A moça sai antes do ladrão.
Moça: Que vento estranho!
Ela fica pegando nela própria como se sentisse nua, apalpa a bunda, o seio. A Ladra então sai com o soutien e a calcinha da Moça na mão, e faz um sinal para que a platéia fique em silêncio escondendo-as na mala.
Fim
Por: Pallomah F. Silva